Esse texto foi mais um dos meus vários experimentos no drama. Queria escrever algo que pudesse trazer um grande peso. Nostalgia, arrependimento, melancolia, dor. Queria uma grande mistura de sentimentos. Não sei dizer se fui bem sucedido - sou péssimo em autocrítica - mas acredito que péssimo não tenha ficado. Quanto ao título, sim, eu sou fã de Grease - Nos Tempos da Brilhantina -
Acordei no meio da noite mais uma vez. Desde que havia voltado para esse apartamento, no começo da semana, não tive uma noite de sono inteira. Os pensamentos e lembranças que me atormentavam tanto durante o dia conseguiam sempre invadir meus sonhos. Será que nunca conseguiria voltar a ter paz?
A janela de meu quarto estava aberta e o vento soprava bem leve, me fazendo companhia. Aquele apartamento agora parecia um casarão deserto. Deixei que a luz da lua banhasse meu quarto e segui para a janela. Conseguia ver toda a cidade dali. Por alguns instantes meu coração se aqueceu, mas logo se lembrou da terrível solidão que o presente representava. De repente aquele lugar se tornou insuportável demais. Decidi que só havia uma coisa a fazer.
Desci as escadas devagar, meus passos podiam ser ouvidos por todo o corredor. Me apoiava nas paredes brancas do prédio em uma tentativa de suportar melhor o peso que carregava em meu coração. O vento frio soprava mais uma vez suave por entre minhas roupas largas. Ele parecia querer acalentar minha alma despedaçada. Respirei fundo e abri o portão cuidadosamente. Imaginar voltar aquele lugar tomou minhas forças e precisei sentar na calçada. Esperei alguns minutos, estava tomando coragem.
Caminhei até o outro lado da rua. As luzes dos postes e o brilho do luar eram as únicas coisas que iluminavam a rua deserta. Segui em direção à velha praça da cidade. Aquele lugar tão cheio de recordações. Foi bem ali que o vi pela primeira vez. Apenas olhar para aquele local me causava um nó na garganta. Fazia tanto tempo desde a última vez em que estive aqui. E quando voltei para meu antigo apartamento estava tão abalada. Não tinha condições de olhar para aquele lugar. Mas agora eu precisava disso mais que nunca.
Caminhei descalça pela praça, deixando os grãos de areia acariciar meus pés e trazerem de volta aquele gostinho de infância. Me sentei no velho balanço e não resisti ao impulso de chorar todas as dores que estavam agarradas em meu peito. Observava todos aqueles brinquedos que, uns longos tempos atrás, eram tão cheio de cores e vida e hoje não passavam de um monte de velharia desbotada e enferrujada. O ferro e a madeira agora pareciam tão frios quanto um iceberg e refletiam exatamente o quanto aquele local estava abandonado. Não conseguia aceitar que um lugar onde tive tantos momentos de felicidade se acabasse de uma forma tão indigna. Mas mesmo aos pedaços, ainda podia sentir o cheiro das pipocas e sorvetes, o barulho das crianças, a música.
Por um breve instante senti o vento fresco novamente tocar meus cabelos como naquela época feliz. Sempre meu amigo, agora ele parecia enxugar minhas lágrimas. Mas o tempo passou tão depressa quanto o vento. Se ao menos eu ainda o tivesse por perto. Se eu pudesse pelo menos ter mais um momento. Somente mais um minuto, talvez tudo isso que está perfurando meu coração pudesse sumir.
A janela de meu quarto estava aberta e o vento soprava bem leve, me fazendo companhia. Aquele apartamento agora parecia um casarão deserto. Deixei que a luz da lua banhasse meu quarto e segui para a janela. Conseguia ver toda a cidade dali. Por alguns instantes meu coração se aqueceu, mas logo se lembrou da terrível solidão que o presente representava. De repente aquele lugar se tornou insuportável demais. Decidi que só havia uma coisa a fazer.
Desci as escadas devagar, meus passos podiam ser ouvidos por todo o corredor. Me apoiava nas paredes brancas do prédio em uma tentativa de suportar melhor o peso que carregava em meu coração. O vento frio soprava mais uma vez suave por entre minhas roupas largas. Ele parecia querer acalentar minha alma despedaçada. Respirei fundo e abri o portão cuidadosamente. Imaginar voltar aquele lugar tomou minhas forças e precisei sentar na calçada. Esperei alguns minutos, estava tomando coragem.
Caminhei até o outro lado da rua. As luzes dos postes e o brilho do luar eram as únicas coisas que iluminavam a rua deserta. Segui em direção à velha praça da cidade. Aquele lugar tão cheio de recordações. Foi bem ali que o vi pela primeira vez. Apenas olhar para aquele local me causava um nó na garganta. Fazia tanto tempo desde a última vez em que estive aqui. E quando voltei para meu antigo apartamento estava tão abalada. Não tinha condições de olhar para aquele lugar. Mas agora eu precisava disso mais que nunca.
Caminhei descalça pela praça, deixando os grãos de areia acariciar meus pés e trazerem de volta aquele gostinho de infância. Me sentei no velho balanço e não resisti ao impulso de chorar todas as dores que estavam agarradas em meu peito. Observava todos aqueles brinquedos que, uns longos tempos atrás, eram tão cheio de cores e vida e hoje não passavam de um monte de velharia desbotada e enferrujada. O ferro e a madeira agora pareciam tão frios quanto um iceberg e refletiam exatamente o quanto aquele local estava abandonado. Não conseguia aceitar que um lugar onde tive tantos momentos de felicidade se acabasse de uma forma tão indigna. Mas mesmo aos pedaços, ainda podia sentir o cheiro das pipocas e sorvetes, o barulho das crianças, a música.
Por um breve instante senti o vento fresco novamente tocar meus cabelos como naquela época feliz. Sempre meu amigo, agora ele parecia enxugar minhas lágrimas. Mas o tempo passou tão depressa quanto o vento. Se ao menos eu ainda o tivesse por perto. Se eu pudesse pelo menos ter mais um momento. Somente mais um minuto, talvez tudo isso que está perfurando meu coração pudesse sumir.